Seca no Algarve “veio para ficar”, mas Verão turístico está salvo

Ministra do Ambiente, Maria da Graça de Carvalho, admite “margem para aliviar um pouco as restrições”. As obras na barragem da Foupana e o transvase da bacia do Guadiana não estão ainda no calendário.

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A chuva em Abril na região Sul do país ajudou a resolver alguns problemas nas reservas de água
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A situação de seca crónica que se faz sentir na região algarvia beneficiou de um “certo alívio” na semana santa. O próximo Verão tem água garantida. Os alívios em relação aos cortes anunciados, diz Macário Correia, podem agradecer à “bênção” da chuva caída na Páscoa. A ministra Maria da Graça de Carvalho admite margem para aliviar um pouco as restrições que têm vigorado até agora, impostas em Fevereiro deste ano.

“Temos a consciência de que a falta de água no Algarve é um problema que veio para ficar, mas, felizmente, a precipitação foi maior do que nos meses anteriores”, afirmou a ministra do Ambiente, Maria da Graça de Carvalho, após reunir na passada terça-feira com a Subcomissão Regional da Zona Sul da Comissão de Gestão de Albufeiras. Por conseguinte, concluiu a governante, depois de um encontro na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), “temos aqui margem para aliviar um pouco as restrições que têm vigorado até agora”.

Cortes de 15% para todos?

A comissão que representa os agricultores, liderada por Macário Correia, lançou o desafiou ao Governo: só aceitará cortes de 15% se forem iguais para todos os consumidores, incluindo os golfes e o sector urbano. Maria da Graça Carvalho recusou-se a responder, limitando-se a afirmar que a Agência Portuguesa do Ambiente “apresentou vários cenários” para redimir a escassez de recursos hídricos.

A decisão, disse, será tomada na próxima reunião interministerial da Comissão Permanente da Seca, que deverá acontecer até ao próximo dia 10. “Estou convencido de que o Governo será capaz de se aproximar e chegar a acordo daquilo que nós temos como preocupações”, declarou Macário Correia aos jornalistas, insistindo que a “semana santa foi a mais abençoada que tivemos nos últimos anos, e foi daí que vieram as grandes soluções”.

No que diz respeito às grandes medidas, anunciados no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a ministra acha que os “investimentos vão em bom ritmo”, mas a central dessalinizadora só dentro de dois anos é que poderá estar a funcionar.

Os agricultores e autarcas, por seu lado, reiteram as críticas à administração central, por não ter enfrentado a realidade da aridez no sul do país. As barragens que têm sido feitas nos últimos 20-25 anos, referiu Macário Correia, são por impulso dos municípios e das associações de regadio”.

O estudo para a avaliar a construção da barragem da Foupana, no valor de 400 mil euros, foi lançado ontem na plataforma digital “É preciso encontrar fontes de financiamento para fazer a obra”, reivindicou. Nos últimos seis anos, reconheceu a ministra, a precipitação média anual diminuiu 35%. “Não é uma seca temporária, é já uma escassez de água”, enfatizou. O PRR dispõe de um pacote de 237 milhões de euros para investir no sector da água, mas só a dessalinizadora tem um custo mínimo de 100 milhões.

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