No espectro, com nostalgia: The Good Doctor pendura a bata
O actor Freddie Highmore despede-se do seu “bom doutor” também com orgulho e vontade de festejar. Mas ainda há muito a (como)ver na última temporada.
“É um pouco como a formatura: por um lado, sentes-te nostálgico porque uma parte grande da tua vida está a chegar ao fim e sabes que aquela bolha de pessoas tão próxima e especial nunca será replicada; ao mesmo tempo, sentes o entusiasmo de prosseguir e procurar outras oportunidades”. É neste ponto que encontramos Freddie Highmore quando está prestes a despedir-se do seu “bom doutor”. A sétima e última temporada chega ao AXN nesta quarta-feira, às 22h50.
Foram sete anos e 126 episódios a vestir a bata de Shaun Murphy, o médico-cirurgião no espectro do autismo que conquistou fãs pela capacidade rara de absorver e memorizar conhecimento (a síndrome de Savant), pelo humor cirúrgico e pelo optimismo crónico e inabalável, não obstante os dramas dentro e fora do hospital (corações, preparem-se para uma abertura de temporada em que dois bebés lutam pela vida e para um episódio em que um crime de ódio resulta na morte de um personagem querido).
Para Freddie, esse optimismo continua a ser a justificação do sucesso. “Olhando para o quão tumultuosos foram os últimos anos a muitos níveis, desde eventos locais específicos até à pandemia de covid-19, sinto que houve sempre algo de reconfortante em poder regressar a este tipo de mensagem”.
Numa conversa com o PÚBLICO e outros jornalistas, realizada online em Fevereiro, por altura da estreia da derradeira temporada nos EUA (que a greve dos argumentistas não só atrasou como encurtou para dez episódios), o actor garantia essa nota positiva para a despedida. “A série sempre foi sobre aqueles pequenos momentos (...) que podem ser tão mágicos e cheios de significado, mesmo que pareçam simples fatias da vida” – momentos agora amplificados pelo novo e enorme desafio de Shaun: a paternidade.
Terá outros, como ser orientador de dois estagiários: “como a comunicação nunca foi o ponto forte [de Shaun], vai ser uma luta para ele estar nesse lugar de chefia e tentar partilhar sabedoria”, revela.
Um deles é Charlie (Kayla Cromer), também no espectro do autismo, que idolatra Shaun e “lhe lembra um pouco de si próprio”, embora seja muito diferente. A sua entrada em cena tem o propósito claro de acentuar a ideia que costurou toda a série (e que o actor não se cansou de repetir ao longo destes anos): “o Shaun nunca poderia – nem deveria – representar todas as pessoas no espectro, pelo que oferecer uma perspectiva diferente do autismo vai ser muito entusiasmante e importante”.
The Good Doctor foi sempre sobre uma jornada pessoal, a de um rapaz a quem o mundo coloca obstáculos, mas que se vai tornar médico, cirurgião, amante, pai, líder, professor, modelo a seguir, e vai dissolvendo preconceitos pelo caminho. “Se de alguma forma conseguimos despertar consciências no que diz respeito ao autismo e desafiar estereótipos, então esse é o meu maior orgulho, agora que a série está a chegar ao fim”.
Missão cumprida. Agora, “só fica uma coisa a faltar à minha analogia com a formatura: a festa final!”, remata entre risos. ”Ainda estamos a tratar disso”.